domingo, 22 de fevereiro de 2015

Allahabad

Allahabad talvez tenha sido a nossa maior surpresa até este ponto da viagem. Em Delhi e Agra, já sabíamos mais ou menos o que podíamos esperar, ao contrário de Allahabad, que foi colocada no roteiro em razão de ser a cidade-sede do Festival Kumbh Mela, que é a maior reunião com fins religiosos do mundo, congregando dezenas de milhões de pessoas (isso mesmo, você leu certo.... dezenas de milhões!). Esse festival, segundo se diz, ocorre há milhares e milhares de anos.

Só tínhamos dois dias na cidade, o que concluímos que foi pouco. No primeiro dia, além das longas caminhadas que demos, para conhecer a cidade, fomos ao famoso Triveni Sangam, que é onde três rios se encontram: Yamuna, Ganges e um terceiro subterrâneo que me esqueci o nome. É um lugar mega sagrado para os hindus.


Antes disso, porém, fomos atrás de um lugar para almoçar. Resolvi seguir a sugestão encontrada na internet e fomos ao El Chico Café, que apesar do nome também serve almoço e jantar. E depois de uma semana de Índia, nos deliciamos com uma comida sem pimenta.  O Júlio comeu um arroz mexicano e eu comi um fish and chips que não deve em nada ao servido em Londres. Pedimos mais uns ovos mexidos e o Júlio ainda pediu um fish and chips. Tudo isso, somado aos refrigerantes e água minerais nos custou cerca de 90 Reais. Foi a refeição mais cara que pagamos aqui, mas valeu cada centavo. Gostamos tanto que voltamos no dia seguinte. A dica é comer, após o almoço, o sorvete de brownie servido no andar de baixo. Uma delícia!


Voltando ao Sangam...

Fomos de tuc tuc e paramos em frente a um templo de Hanuman, sem saber que os sábados são dedicados a esse "Deus" hindu. Estava muito cheio e, do lado de fora, havia vários grupos que, ordenadamente, seguiam em cortejo com bandeiras içadas em varas enormes de bambu, dançando cada qual uma música que tocava em potentes aparelhos de som. Instrumentos de percussão completavam a miríade dos sons formados pelas dezenas de grupos. Algumas pessoas pareciam em transe.

Após parar para observar um pouco o movimento e para comprar garrafas de água mineral,  seguimos para a margem do Yamuna (cuja pronúncia correta é com a sílaba tônica no último "a"), onde fomos abordados por diversos "barqueiros" oferecendo-se para nos levar para o encontro dos rios. Nessa hora (já estamos mais que acostumados a isso), negociamos o preço, que começou em 1.800 Rúpias e terminou por um terço desse valor.

Após uns 15 minutos de navegação, chegamos ao encontro dos rios, marcado pela nítida diferença entre as cores de cada um deles, assim como pela presença de dezenas de outros barcos, de pessoas que vão ali para tomar banho no Sangam. Há também Swamis (chamo-os assim na falta de denominação melhor) que fazem um pequeno ritual com os banhistas. Quem se animou a tomar banho foi o Júlio,  enquanto eu permaneci no barco.


Após o banho, retornamos e fomos percorrer uma parte da área do Kumbh Mela, voltando à região do Templo pelo mesmo caminho dos grupos de devotos de Hanuman. Uma experiência fantástica!

Tivemos que voltar para o hotel para resolver questões administrativas: tínhamos que baixar as fotos e vídeos para um HD externo, e como cometemos a burrice de não trazer computador,  fomos atrás de uma lan house. A primeira que achamos possuía computadores antigos, que não reconhecia nenhum dos aparelhos: celular, nikon e gopro. Resultado: consegui escrever alguns posts mas não tinha fotos para ilustrá-los (o que persiste até agora, pois a internet do hotel é tão lenta que não consigo sequer publicar os textos e fotos pelo celular).

Resolvemos procurar outra loja, que tinha um computador que só reconheceu o celular.  Melhor que nada, pois consegui transferir fotos e vídeos para um pen drive (o HD também não foi reconhecida), o que me deu mais alguns dias de autonomia. Após isso, fomos em busca de um café expresso, o que conseguimos após quase uma hora de procura.

O segundo dia foi mais profícuo. Após o almoço, voltamos ao Sangam para outro banho e, em seguida , com o mesmo barco, seguimos para a outra margem do rio, à procura do Sachcha Baba Ashram. Nosso interesse nesse lugar se devia ao fato de ser um importante local para a linhagem de mestres espirituais a que pertence Prem Baba.

Chegamos no Ashram,  contando com o sempre presente auxílio de um simpático indiano, que se ofereceu para nos acompanhar, deixando-nos na porta de entrada. Entramos e, depois de subirmos uma escada, nos deparamos com um salão que continha a imagem de Sachcha Baba e a de seu Guru.

De fato um ambiente muito bonito. Após alguns minutos admirando o lugar e tirando algumas fotos, o rapaz que limpava o templo nos perguntou se gostaríamos de conhecer aquele a quem chamou por Swamiji, que é um título respeitoso endereçado a quem achávamos ser o responsável pelo Ashram. Fomos até lá e tivemos uma recepção muito melhor do que poderíamos sonhar. O homem que nos recebeu, cujo nome não me lembro, mas que disse que seu apelido é "Kejo", apresentou-se e à mulher e filhos,  nos ofereceu café, água e algo parecido com biscoitinhos, e conversamos durante quase uma hora. Em determinado momento, nos convidou a acompanhá-lo a outro Ashram Sachcha, distante alguns quilômetros, o que prontamente aceitamos.

E como esse era um dia reservado às surpresas agradáveis, ali fomos apresentados a um senhor de barbas brancas, de noventa anos de idade, chamado Gopal Swami, que nos encantou logo de cara. Que energia sensacional brotava de sua presença, enquanto diversas pessoas iam até ali para saudá-lo e serem por ele abençoadas. Ficamos alguns preciosos minutos em sua presença, conversando sobre nossas origens e roteiro de viagem.

Renovados, seguimos caminhando, em busca de um templo mencionado por Kejo. Tratava-se do primeiro templo fundado por Sri Baktivedanta Prabhupada, criador da ISKCON, instituição presente em todo o mundo e mais conhecida como "Hare Krishna". Depois de alguns minutos no templo, demos uma passada na lojinha adjacente, onde compramos camisetas e incensos.

Já no caminho de volta ao hotel, cruzamos com um lindo templo dedicado a Shiva, onde entramos e visitamos as diversas instalações.

De volta ao hotel, sem forças para sair, pedimos uma pizza na Domino's, de quem estamos virando sócios.

Agora é dormir e nos prepararmos para encarar mais um trem, para a cidade santa de Varanasi.















Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...