Winston Churchill, o longevo 1º Ministro do Reino Unido
durante a 2ª Guerra Mundial, certa vez falou que “a democracia é a pior forma
de governo, excetuando-se as demais”. Quem sou eu para contradizê-lo, mas tomo
a liberdade de fazer algumas reflexões, em especial sobre a democracia à
brasileira.
Não vou falar aqui sobre aspectos técnicos da democracia –
até porque não seria capaz de trazer qualquer colaboração ao tema, já tão
discutido –, mas trago uma visão bastante pessoal da sociedade brasileira,
incluindo aí os seus representantes e dirigentes. E faço isso contaminado pelo
momento que passa nosso pobre país, tão vítima de nós mesmos.
Bem, a principal característica dessa tal democracia é o
poder conferido ao povo de eleger seus representantes, para que em seu nome
governem o país. Até aí tudo bem, uma vez que não foi ainda possível retornar a
formas antigas de participação popular mais direta. O problema é que em uma
sociedade imatura e individualista como a nossa, na qual cada um tem a
tendência de pensar somente no bem-estar do próprio umbigo, somente os mais
vis, os mais medíocres, os mais mesquinhos, os que estão dispostos a cometer
qualquer tipo de baixeza para alcançarem o poder é que conseguem chegar lá. Em
suma: a impressão que dá é que somos governados pela escória de nossa gente.
Estou enjoado do Jornal Nacional. Assisto-o eventualmente, e
quando o faço é para observar as cenas dantescas de uma novela sem fim, na qual
o enredo é o mesmo de sempre: mensalinhos, mensalões e pixulecos. E esse
fenômeno não é uma mera consequência de nossa moral torta, de nossos generosos
limites éticos, embora faça parte disso. O desonesto não espera ser eleito para
depois se aproveitar das benesses do cargo, assim como aquele que instala o
gatonet não se tornou desonesto somente quando surgiu a TV a cabo. O
comportamento de ambos já é duvidoso antes de assumirem uma cadeira no Parlamento
ou de assistirem à HBO. Ambos são ladrões.