Toda
a nossa consciência está focada naquilo que é mutável. O que é imutável não
pode ser percebido por nós, viciados que estamos na impermanência. O mundo como
o conhecemos muda a todo tempo, e quanto mais determinado fenômeno amplifica a
sua capacidade de mutação, mais nos chama a atenção e nos atrai, porque reflete
o turbilhão interno de pensamentos e emoções que vivenciamos a todo momento.
É
por isso que o esporte é uma das atividades mais apreciadas no planeta. A base
do esporte é o movimento e, muitas vezes, a violência, a competitividade, o
individualismo. O quê dizer do futebol, por exemplo, no qual estão todas essas
variáveis presentes? Estamos adictos ao impermanente, àquilo que não é, mas
está e vai mudar no segundo seguinte.
Mas
o que não percebemos é que o movimento só pode ser percebido se houver uma base
imóvel que lhe sirva de referência. Atrás de todo esse movimento mental,
emocional ou físico deve existir, obrigatoriamente, uma plano estacionário, onde
as sombras dos movimentos são projetadas. Do jeito que estamos só vemos a
sombra, não aquilo que é permanente por trás delas. Estamos hipnotizados pelo movimento
pendular dos fenômenos externos.
Mudar
tal ponto de vista pode ser desafiador. Recordo-me de quando era criança
existiam uns livros que traziam imagens “escondidas”, que somente podiam ser
vistas se ajustássemos o foco visual de determinado modo a fazê-las “aparecerem”.
Às vezes era fácil, às vezes impossível. Do mesmo modo, devemos ajustar o foco
da nossa consciência para além da impermanência, de modo a visualizar a
realidade.
No
permanente, e somente lá, conseguiremos acessar o mundo de maneira objetiva. Somente
lá é possível encontrar a verdadeira felicidade.