Para quem não conhece, o Pathwork é uma mensagem trazida por uma mulher austríaca chamada Eva Pierrakos, que canalizou diversas mensagens espirituais que foram compiladas e hoje são uma grande fonte de autoconhecimento. Dentre os livros de Eva, gostei muito do "Não temas o mal", cuja parte da introdução colei abaixo:
"Você não é uma pessoa má. Eu não sou uma pessoa má.
Contudo, o mal existe no mundo. De onde ele vem?
As coisas más que são feitas sobre a terra são praticadas
por seres humanos. Nós não podemos pôr a culpa nas plantas ou nos animais, numa
doença infecciosa ou em influências nefastas do espaço sideral. Mas, se você e
eu não somos maus, quem o é? Será que o mal reside apenas em outros lugares
tais como a Alemanha nazista ou o “império maligno” da União Soviética
stalinista? Ou será que ele habita somente os corações dos criminosos e dos
barões das drogas, mas não os das pessoas que conhecemos?
Será ainda possível que ninguém seja mau, mas apenas
desorientado? Podemos nós realmente retribuir o horror do Holocausto, ou o
sadismo de Idi Amin, ou a tortura sancionada pelo governo, que acontece
exatamente agora em muitos países do mundo, a uma mera desorientação?Essa
palavra parece inconsistente e não basta como explicação.
Onde reside o mal? De onde ele surge?
O Pathwork ensina
que o mal reside em cada um de nós e em toda alma humana. Ou, em outras
palavras: o mal que existe no mundo nada mais é que a soma do mal que existe em
todos os seres humanos.
“Mau” é um adjetivo muito forte. A maioria das pessoas quer
reservá-lo para os Hitlers e para os criminosos e se nega a aplicá-lo a elas
mesmas. Será ele aplicável a você e a mim?
A primeira definição de “mau” dada pelo meu dicionário é:
“moralmente repreensível, pecaminoso, maléfico”. Essa definição torna claro que
não é apropriado o uso da palavra para falar “dos males da doença e da morte”.
Doença e morte são aspectos dolorosos da experiência humana, mas decerto não
são “moralmente repreensíveis”. Por outro lado, é correto usar tal adjetivo
para falar da “maléfica instituição da escravidão”.
Eu já fiz coisas que são moralmente repreensíveis e tenho
fortes suspeitas de que você também fez. Todos nós temos falhas de caráter,
todos somos mais ou menos egocêntricos, egoístas e mesquinhos. E essas falhas
de caráter levaram-me, muitas vezes, a
ser antipático, rancoroso, ciumento, e agir de formas que só contribuem para
aumentar o sofrimento no mundo. Mas isso faz de mim uma pessoa má?
Você e eu certamente não somos maus em nossa totalidade, ou
em nossa essência, mas temos o mal dentro de nós. Portanto, a palavra “mal”
pode descrever um contínuo de comportamento que vai desde a simples mesquinhez
e o egocentrismo, num extremo, até o sadismo genocida do nazismo no outro.
Aqueles de nós que habitam um extremo inferior do espectro podem ter o desejo
de dizer que nada tem em comum com os assassinos do extremo oposto; contudo,
será que não temos nada em comum com eles? Para usar o segundo daqueles
sinônimos oferecidos pelo dicionário, não somos todos nós pecadores?
Há trinta ou quarenta anos atrás, a palavra “pecado” ainda
era de uso comum, mas hoje (a não ser entre os fundamentalistas) ela
praticamente não é mais empregada. Agora preferimos usar a terminologia da
Psicologia que fala antes dos defeitos e falhas humanos, mas normalmente de uma
maneira que põe a culpa alhures – nos pais ou na sociedade – por fazerem de nós
o que nós somos. A mudança pessoal então ocorre quando compreendemos a origem
da programação negativa que os outros nos infligiram, vivenciamos todos os
sentimentos envolvidos (fundamentalmente raiva e pesar) e então perdoamos a
fonte externa da nossa negatividade, da qual ainda sofremos. E isso é uma parte
crucial do processo de transformação.
“Contudo, na visão da Psicologia nós perdemos algo que a
velha idéia religiosa do pecado nos deu. A saber, que somos responsáveis pela
nossa negatividade, pelos nossos atos e omissões. Ser responsável é muito
diferente de ser culpado. Significa simplesmente reconhecermos-nos às vezes
como a origem da dor, da injustiça e do
descaso para conosco mesmos, para com os outros e para com o mundo”.
Se eu posso admitir esse grau de responsabilidade – admitir
que não sou apenas uma vítima do mal que existe no mundo, mas que sou, da minha
própria pequena maneira, um iniciador de negatividade – então, o que devo fazer
a respeito? Como posso transformar o mal que existe em mim?
A religião tradicional nos dá preceitos a serem seguidos,
tais como: “Faça aos outros o que desejaria que eles fizessem a ti” e “Ama a
teu próximo como a ti mesmo”. Certamente nós podemos concordar que, se todos
pautassem a sua existência por essas regras áureas, o mundo seria um lugar mais
agradável de se viver. Eu não o faço e você não o faz. Se aceitamos o princípio
como válido, porque é tão difícil seguí-lo? Como posso mudar o meu
comportamento? O que preciso fazer para tornar-me mais amoroso? Com demasiada
freqüência a resposta da religião tradicional parece ser apenas: esforce-se
mais.
Na religião tradicional, segundo as palavras de Carl Jung:
“Todos os esforços são feitos para ensinar crenças ou condutas idealistas às
quais as pessoas sabem em seus corações que jamais poderão corresponder, e
esses ideais são pregados por pessoas que sabem que eles mesmos nunca
corresponderam, e nunca corresponderão a esses elevados padrões. E mais:
ninguém jamais questiona o valor desse tipo de ensinamento”.
As respostas da religião tradicional têm sido tão
decepcionantes que muitas pessoas que antes teriam consultado um clérigo agora
consultam um psicoterapeuta. A moderna Psicologia tem sido bem sucedida ao
tratar com o problema do mal?
Um recente artigo sobre Abraham Maslow, o pai da psicologia
humanista, afirma: “Ao final da sua vida, Maslow estava lidando com a natureza
da maldade humana. ... [Ele] expressou apreensão quanto à incapacidade da
Psicologia humanista e transpessoal em assimilar o nosso lado ‘escuro’(aquilo
que Jung denominou sombra) em uma teoria abrangente da natureza humana. O
próprio Maslow considerava esse tema preocupante e, na ocasião da sua morte,
não havia chegado a qualquer conclusão final sobre ele”.
Aqueles dentre nós que estudaram e praticaram o Pathwork descobriram, com um sentimento
de alívio, que esses ensinamentos fornecem o elo perdido crucial que tem até
aqui escapado à religião e à psicologia.
A vasta maioria das transmissões espirituais da atualidade,
ou material canalizado, concentra-se na bondade essencial dos seres humanos, na
nossa natureza divina final. E essa é uma mensagem valiosa para nosso tempo.
Mas o que faremos com o nosso “lado Escuro”? de onde ele vem, porque é tão
intratável e como devemos lidar com ele?
É nas respostas a essas questões que repousa o valor único
do Pathwork. A transmissão que veio
através de Eva Pierrakos ensina-nos que o mal pode ser encontrado de alguma
forma no coração de cada ser humano, mas que ele não precisa ser temido e
negado. Um método é oferecido para que possamos ver claramente o nosso “lado
escuro”, compreender suas raízes e causas e, o que é mais importante,
transformá-lo. O resultado dessa transformação será paz no coração humano, e só
depois que esta for alcançada haverá paz na terra."
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