Um casal muito próximo, pais de Donatela e Pandora (uma linda cadelinha), perdeu dois rebentos antes que viessem ao mundo. Para eles, escrevi essa pequena quadra.
Lá no começo do mundo
Quando nada existia
Desconhecia-se a noite
A tarde, a manhã, o dia
Deus olhou para o seu lado
E ficou desanimado
Porque ali ninguém havia
Ele parou num instante
E se pôs a pensar
Como será possível
A solidão acabar?
Surgiu então um pensamento
Tão rápido como o vento
A resposta veio lhe dar
No pensamento de Deus
Passou a haver movimento
Cometas que se chocavam
Com incríveis ondas de vento
Galáxias que se criavam
Em luzes que balançavam
No alto do firmamento
Bem lá no canto de cima
Havia bem escondidinhas
Quatro luzes brilhantes
Eram 4 estrelinhas
Que giravam alegremente
Que brilhavam intensamente
A luz que de Deus advinha
A mais velha, entretanto,
Era muito desastrada
Tropeçou em um cometa
E sumiu, sem dizer nada
Não falemos dela agora
Temos tempo, não demora
Sigamos com nossa jornada
De repente a segunda estrelinha
Perguntou se alguém ouviu
Um chamado muito distante
De um local chamado Brasil
Então de repente num tranco
Em uma tal de Pato Branco
A estrelinha caiu
Não entendeu muito bem
O que estava ocorrendo
Num segundo estava no céu
No outro em uma sala, tremendo
Tentou enxergar não podia
Falar também não conseguia
Meu Deus, o que está acontecendo?
Demorou algum tempo
Então ela se lembrou
Do que lhe foi explicado
No momento anterior
Entendeu que o nome dela
Seria então, Donatela
“Consagrada ao Senhor”
Depois de um curto tempo
Sobrou só um par de estrelinhas
Que sabendo o que se passara
Imensas saudades, tinha
Uma delas já dizia
Que por ela, já ia
Ao encontro das irmãzinhas
Deus ficou satisfeito
E as luzes continuaram
A vida seguiu seu rumo
E as estrelas se aquietaram
Até que um anjo do céu
Falou ao som de um tropel:
Assim como as outras baixaram
Vocês também podem seguir
No caminho desconhecido
O que posso afirmar entretanto
É o que tenho advertido
Quem as receberá no mundo
Na presença do amor profundo
Já as tinham intuído
A estrelinha mais nova
Rebelde como sua idade
Afirmou que não tinha nascido
Para ficar a eternidade
Parada em um lugar só
Nem adianta tentar, tem dó
Não aguento uma só cidade
Mas como estava saudosa
Das irmãs que haviam ido
Ela não ia ficar
Arrependida de não ter sido
Um pouco mais corajosa
Um pouco menos queixosa
E começou um alarido
E então foi iniciada
A adoção das providências
Os anjos do céu contatados
Responderam com sua anuência
Então a feliz dupla seguiu
Para o mesmo país, o Brasil
Iniciar uma nova existência
Enquanto isso ocorria
Donatela ia espichando
Descobrindo o mundo inteiro
Rindo, pedindo, falando
Até que num dia, numa hora
Olhou a cadelinha Pandora
E de algo foi se lembrando
No idioma em que falavam
Que os outros não entendiam
Algo fez que lembrasse
De outrora, lembranças vinham
Então inesperadamente
Algo lhe veio à mente
Que em comum, muito tinham
Percebeu que a cadela olhava
Com a cabeça meio descaída
Querendo lhe comunicar algo
Enquanto lhe dava uma lambida
Só então a outra percebeu
E a cadela lhe disse: sou eu!
A primeira irmã de sua vida
Nesse fortuito momento
As duas que estavam chegando
Acompanhando o ocorrido
Permaneceram aguardando
Até que a caçula estrelinha
Julgou que a missão que ela tinha
Estava finalizando
Se sabia onde estavam as outras
E sabendo que estavam bem
Virou-se ao anjo ao guarda
Que ali estava também
E disse: mas que alegria
Que lindo, adorável dia
Agora me sinto tão bem
Mas um pedido eu tenho
Para o anjo que me faz guarda
Se for possível o pedido
Que faço de vanguarda
E pra cima, olhou com saudades
Pro espaço, a sua cidade
Não estava mais iluminada
E querendo que a luz mantivesse
O seu brilho em todo firmamento
Disse que retornaria
Pedia o deferimento
Para sempre ali estaria
E a todos deleitaria
Com a pureza de seu sentimento
E o anjo sorrindo aceitava
Que a luz que brilhava lá dentro
Pudesse voltar a sua casa
No alto do firmamento
E o amor permaneceria
Para sempre, daquele dia
À família em seu pensamento
A terceira estrelinha escutando
Tudo o que a segunda dizia
Disse que demoraria
Pouco mais em sua estadia
Queria sentir a mãezinha
A voz do seu pai, da irmãzinha
E também a outra voz que latia
O anjo que observava
Tudo isso, sorridente
Lhe falou que a sua vontade
Atenderia prontamente
E então os meses se passaram
Outros sentimentos brotaram
Até que uma estrela candente
Vindo do céu infinito
Mandada pelo Pai Eterno
Pediu que a estrela olhasse
Para além do útero materno
Lá em cima, a estrela sozinha
Tentava com a sua luzinha
Emitir forte brilho fraterno
Então o anjo lhe disse
Que no canto do céu, conhecido
Precisava de outra estrelinha
Com sua luz de lindo colorido
O céu não estava completo
E apesar de estrelas, repleto
Lhe faltava o brilho devido
Mas então a estrelinha lhe disse
Não queria causar sofrimento
Pois já era ela tão esperada
Envolvida em tanto sentimento
E o anjo lhe tranquilizando
Arguiu: do quê estás falando?
Para isso, não há argumento
Uma vez que a essa família
Foste tu endereçada
Sempre ela será a tua
Família abençoada
Não importa onde estejas
As lembranças benfazejas
Serão as suas aliadas
A estrelinha então concordou
Que embora devesse partir
Jamais estaria distante
Estaria sempre por aqui
E se alguém quiser vê-la é fácil
Siga o brilho amoroso e grácil
Deixe um beijo a todos dali
E o anjo então percebendo
Que a decisão era complicada
Resolveu soprar um lindo nome
Nos ouvidos da família amada
Italiano como o da mana,
Agora chamava Giordana
A filha eterna e adorada
No dia em que ela partiu
Uma pergunta lhe assaltou
Donatela, Giordana, Pandora
Só um nome faltou
E lá de cima uma vozinha
Disse: me chame de estrelinha
Com esse nome, completou
Perceba que as 4 estrelinhas
Estão sempre juntas, acredite
Se você ficar bem atento
Garanto, vai ver que existe
Estão lá no céu e aqui
Junto de Pricila e Edir
Não há razões para ser triste
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