Neste dia 7 de setembro, em que
comemoramos a Independência do Brasil, acredito que devemos refletir o que é
esta palavra repetida com tanto orgulho e com tanta esperança por todos nós, ao
nos referirmos tanto a eventos que ocorreram em nível nacional, como a data de
hoje, quanto aqueles que dizem respeito a nós mesmos e que muitas vezes tornam-se
o objetivo de nossas vidas: tornar-nos independentes.
Para alcançar tal meta, acreditamos que
diversas atitudes sejam necessárias, e tais atitudes via de regra foram
ensinadas por nossos pais e são reforçadas diariamente em nossas cabeças. Quase
sempre se referem à nossa condição econômica e significa que não devemos nos
submeter à dependência de quem quer que seja. Principalmente pelo fato de que no
mundo em que vivemos, prevalece a lei do “cada um por si”. Para isso, adotamos
uma série de comportamentos que tem como ponto principal o trabalho. Temos que
trabalhar para obtermos as condições de alcançar a tão sonhada independência.
Esse conceito não está errado, mas é
incompleto. No nosso atual estágio da evolução, o trabalho é uma das únicas
maneiras de cumprirmos uma das leis planetárias: a lei do pagamento. Tudo o que
desejamos no mundo material deve ser adquirido mediante um sacrifício, isto é,
devemos dar algo em troca. O
dinheiro é a dimensão mais visível daquilo que devemos adquirir para,
posteriormente, trocar pelo que necessitamos ou que acreditamos precisar.
Mas nesse ponto ocorre um paradoxo. Nós passamos
toda a vida trabalhando para adquirir coisas, certos que esse poder nos trará
felicidade. Mas o fato é que tudo aquilo que você fez até hoje, tanto no que
diz respeito ao trabalho quanto aos seus frutos: casa, carro, viagens e outros
bens materiais, não te trouxeram a felicidade que você imaginou que pudessem
trazer. Em outras palavras, o seu trabalho até pode ter te conferido a
liberdade para comprar aquilo que deseja, mas no fim das contas, você percebe
que esses bens não foram capazes de proporcionar a paz e a harmonia tão almejadas.
Isso tem uma explicação simples. Acontece
que a verdadeira independência não está no fato de você poder comprar o que
quer. Muitos já disseram que rica não é a pessoa que tem o que deseja, mas a
pessoa que não necessita dessas coisas. E quando me refiro a não necessitar, não
estou dizendo que adquirir uma televisão ou uma geladeira seja algo errado. Pelo
contrário, é importante que sejamos prósperos. O ponto onde quero chegar é que não
podemos depositar nossas esperanças nisso. Todos esses objetos podem nos trazer
alegrias fugazes, mas aquele vazio tão conhecido não será preenchido.
Quem é esse que acha que precisa das
coisas deste mundo para ser feliz? E quem é você, que percebe que isso não era
verdade, pouco tempo depois de passar a ter isso ou aquilo?
A verdadeira independência, tanto de países
como de pessoas, não está relacionada ao quão prósperos são, mas sim em como se
relacionam com o objeto de seus desejos. O país mais rico do mundo não é
composto pelas pessoas mais felizes. Tampouco o mais pobre. E essa é uma prova
de que a riqueza material ou a tecnologia não são capazes de garantir a
felicidade ou a independência de ninguém. Se assim fosse, o grau de desenvolvimento
econômico de uma nação ou de um indivíduo seria diretamente proporcional ao da realização
desses. E isso é facilmente refutável.
Enquanto estivermos acreditando que a
vida se resume a nascer, crescer, desenvolver-se, reproduzir-se, fazer algumas
compras e morrer, estaremos reproduzindo um padrão comprovadamente fracassado. Não
é possível que sigamos acreditando em uma fórmula que dia após dia tem
provocado tanta infelicidade e violência, como, por exemplo, nos fatos recentes
envolvendo as centenas de milhares de refugiados na Europa ou, ainda, nas
atrocidades dominicais cometidas por torcidas de futebol.
Devemos buscar a nossa independência no nível
interno. É dentro de nós que está o único ser que já é independente, mas não é
reconhecido por nosso conceitos, nossas fantasias, nossos desejos e
comportamentos infantis. Precisamos mergulhar em nossos sentimentos negados,
nos nossos traumas, nas raízes de nossos condicionamentos. Necessitamos descobrir
a geografia interna de nossas mentes, atuais mandatárias de nossos atos. É chegada
a hora de transformar nossos valores.
Até aqui nos trouxe nosso ego. A partir
daqui temos a escolha – que sempre tivemos, de eleger como guias de nossos
destinos aquilo que não muda, que é permanente, que não depende das circunstâncias.
Muitos nomes já foram dados a isso, mas em resumo trata-se de nós mesmos,
aspectos da divindade. Devemos acreditar que não somos aqueles que julgamos
ser, e isso só é possível se iniciarmos aqui e agora uma séria reflexão a
respeito de nós mesmos.
Precisamos que algumas partes de nossa
personalidade morram para que os nossos verdadeiros valores possam emergir e
nos guiar pelos mistérios da vida. A partir daí, passaremos a entender que o
lema mais adequado não é o “Independência ou Morte”, mas o “Independência é
morte” de tudo aquilo que já está velho, ultrapassado, e precisa ser deixado
para trás.
A única maneira de você alcançar a
verdadeira independência é buscar, inicialmente, o que é real. Todo o demais,
como já dizia Jesus, virá por acréscimo. A prosperidade, desta forma, ao invés
de ser o produto de uma pseudo necessidade, converter-se-á em um presente da
existência, do qual somos todos merecedores.
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